Muito se ouve falar, mundo afora, na tal cultura “woke” (a pronúncia é uouque), sobre a qual também lemos opiniões variadas. Gente que se diz a favor ou contra, geralmente com bastante entusiasmo, sem que saibamos sobre o que realmente esse pessoal se refere. Principalmente porque talvez nos falte clareza a respeito da maneira como nossas vidas comuns possam ser afetadas por tal movimento.
Ao perceber que precisava saber mais detalhes desse assunto, para ter condições de entender o que ele representa na minha vida e na defesa dela em geral, reservei um tempo para a pesquisa. Afinal, no turbilhão de informações em que vivemos, com tantas narrativas desconexas, são grandes as chances de nos enganarmos com algo que, na realidade, não seja o que aparenta superficialmente.
Há uma frase que me faz mais atenta às questões comportamentais que, vez por outra, surgem para abalar estruturas sociais. É do cientista Albert Einstein a afirmação: “Tudo é relativo, depende do observador”, a qual adotei para momentos de conversas filosóficas com um exemplo bem popular.
Digamos que eu embarque no catamarã e atravesse o Lago Guaíba rumo à Capital, apreciando a paisagem e o bom momento, quando um veleiro passa por nós com uma família em seu passeio. Para as pessoas no veleiro, caso questionadas, eu estarei em movimento, mas para quem está sentado ao meu lado, no catamarã, estarei parada. Tudo depende de se aprofundar no assunto. Assim se dá com tudo o que acontece.
Voltemos à palavra “woke”. Traduzida para a nossa língua materna, significa “acordei”, passado do verbo acordar (despertar) – transformado em uma gíria no sentido de “captei”. Até o início da década passada, era um alerta contra o racismo e as injustiças, criado pelos movimentos afro-americanos. Depois, foi ampliando seu espectro social e ideológico na defesa de causas referentes à sexualidade, ao aborto, à intervenção na linguagem e na própria ciência, defendendo que cada um pode escolher ser homem ou mulher, independente do sexo que tenha nascido. Ao mesmo tempo, chamando de negacionista quem não queria se vacinar durante a pandemia pela insegurança advinda de efeitos colaterais ainda desconhecidos; e de extremista quem defendia o cumprimento das leis e a preservação da estrutura familiar.
Por se considerarem os donos de uma verdade absoluta, vejam só, os defensores da cultura “woke” menosprezam todos que a contrariam, considerando-os “adormecidos”, no sentido de menos lúcidos e sem inteligência. E, assim, optando pelo acirramento da segregação, traindo seus próprios preceitos originais.
Como já disse o cientista Albert Einstein: “Tudo é relativo, depende do observador”. E, para mim, ser “woke” significa, em resumo, colocar-se acima da ciência, do respeito às crenças religiosas e dos poderes constituídos, da importância das famílias e do direito à vida. Com narrativas sem o menor compromisso com a verdade.
Cristina André
Publicado em 29/11/24