Guaíba está completando 98 anos, rumo ao centenário, com muita expectativa de prosperidade, o que me leva a abraçar todos aqueles que trabalham pela nossa Aldeia nos diferentes setores.
Cheguei em Guaíba em 1978 para fundar o Curso de Inglês Know-How e não saí mais. Aqui, constituí família, fiz amizades, fui diretor municipal de meio ambiente, diretor cultural do Itapuí, ajudei a fundar a AMA e o Pró-Guaíba; promovi o seminário Repensando Guaíba, fundei a Gazeta Centro-Sul e o Instituto de Pesquisas People; escrevi um livro sobre a Cidade. Não faltam atividades e envolvimento social.
Eu falo dos problemas de Guaíba e sou bastante crítico, mas se alguém de fora fala mal da Cidade eu me ofendo sobremaneira.
Só não consegui ainda decorar totalmente o Hino do Município, então, nos eventos, minto na letra em algumas partes; o primeiro parágrafo vai tranquilo e até me exibo em tom elevado, mas no segundo balbucio…
Bom e Ruim
Morar em Guaíba tem dois lados, o bom e o ruim. O bom é o clima interiorano, as conversas de calçada, os almoços e jantares com amigos, as caminhadas no Calçadão da Beira, o nascer da Lua mais bonito do mundo, a pizza do Ricardo, a leitura da Gazeta no fim de semana, a roda de chimarrão no Parque Natural (Área Verde), a facilidade dos serviços e a proximidade com Porto Alegre e tudo o que a Capital oferece de bom, sem a necessidade de viver os transtornos cotidianos de uma cidade grande.
O lado ruim é a ausência do sentimento de pertencimento em importante parcela da comunidade e tudo o que vem na garupa; considero este o maior de todos os nossos problemas. E, ainda, a zeladoria da Cidade é de quinta, o que certifica a feiura urbana, com fiação aterrorizante, calçadas-armadilhas, obras públicas mal-acabadas; o meio ambiente é relegado à terceira divisão; a desvalorização do patrimônio histórico e cultural, resultando no desaparecimento de prédios históricos e de eventos; além da propensão de entidades de classe para valorizar picaretas forasteiros.
Apesar da carga pesada do lado ruim, considero o resultado desta equação positivo, tiro foto orgulhoso na frente do letreiro “Eu Amo Guaíba”. Tenho esperança de que o sentimento de pertencimento crie raízes na Aldeia e, quando isso acontecer, certamente vamos deslanchar.
Retrato de Guaíba
A Gazeta Centro-Sul mantém a tradição e divulga o retrato socioambiental de Guaíba nesta edição especial de celebração do aniversário da Cidade. São informações relevantes que todas as pessoas que se interessam pelo Município precisam saber.
Analisando as Eleições
Em qualquer lugar do mundo, quem administra a máquina pública tem muita força política, principalmente em localidades onde a dependência do poder público é grande, como acontece em Guaíba e em vários municípios da Região.
Votação Histórica
Em Guaíba, a gestão Marcelo Maranata e Cláudia Jardim teve uma vitória histórica, somando quase 80% dos votos válidos. Isso se deve à corrente que o Prefeito Maranata habilmente formou, atraindo praticamente todas as lideranças da Aldeia para sua volta, além das entregas importantes que fez.
Mesmo com as falhas apontadas acima, é preciso enfatizar o trabalho diferenciado da atual gestão, destacando expressiva pavimentação das ruas, saindo da prática imprestável do tapa-buracos, que durante vários anos fez escorrer dinheiro público pelos bueiros. Quem mora numa rua esburacada, empoeirada e barrenta sabe o valor da pavimentação. Soma-se a essa ação emblemática a melhora significativa no sistema de iluminação pública, no atendimento hospitalar, nos postos de saúde e nas escolas.
Atuação nas Enchentes
Um ponto que teve relevância na reeleição do Maranata foi a sua atuação durante a grande cheia de maio. Ele cometeu alguns erros por conta da exposição exagerada nas redes sociais, divulgando afirmações sem checar, numa espécie de delírio, mas isso não invalida o seu trabalho na linha de frente. A população reconheceu isso.
O Ministério Público considerou as ações do Gabinete de Crise instalado em Guaíba como um exemplo nacional. Forte, essa!
Estratégias Equivocadas
Eu respeito muito todas as pessoas que se candidatam a um cargo eletivo, entendo como uma atitude nobre. Não é fácil se expor numa campanha eleitoral. Dito isso, vamos à estratégia da oposição.
Em geral, quem está do outro lado ataca, visando mostrar os problemas e como pode resolvê-los. Acontece que, quando o discurso é frágil e não convence nem a madrinha, se tentar compensar com ataques desmedidos, o efeito é uma lampreia.
O sujeito que grita e ofende com histeria provoca repulsa na maioria do povo que está fora da bolha atordoada que curte lambança. Isso pode ser comprovado analisando o fracasso da votação dos candidatos mais agressivos.
Na Câmara Municipal
A renovação na Câmara Municipal de Guaíba foi de apenas 29%, o que indica que mandato tem força, principalmente após a instituição das emendas impositivas. Importante ressaltar, também, que o assistencialismo tem peso eleitoral nos municípios.
No contexto das emendas impositivas, aquele recurso que os vereadores têm para distribuir às entidades e aos setores que prestam serviços sociais e educacionais, o vereador Tiago Green foi bastante eficiente. Além disso, se destacou por fazer oposição argumentativa, o que lhe colocou como o mais votado na Aldeia, com 1.619 votos.
Somente uma mulher foi eleita vereadora em Guaíba, a Gabi Panazzolo, somando 1.489 votos. Tem trabalho referência com o bem-estar animal. Das principais cidades da Região, Guaíba é a que ficou com a menor representação feminina na Câmara de Vereadores. Uma reflexão necessária a ser feita.
Boa votação, mas de fora
Duda Carneiro (PT) somou 1.233 votos; Carla Vargas (UNIÃO), 772 votos; Cleber Quadros (PSD) 585 votos; Professor Bruno (PSOL), 562 votos; e Graciano Pereira (PSD), 537 votos. Tiveram boa votação em Guaíba, mas não se elegeram nem como suplentes.
Novidade na Região
Juliana Carvalho (PSDB) foi eleita prefeita de Eldorado do Sul, com 9.964 votos (50,91%). Primeira mulher a comandar o município. Frisson nos bastidores políticos.
Leandro André
Publicado em 11/10/24