O Grupo Olvebra, empresa gaúcha com 60 anos de história, faliu e fechou as portas em definitivo no dia 15 de abril. Nos últimos anos, vinha enfrentando dificuldades financeiras, entrando em recuperação judicial em 2018. A empresa chegou a ter mais de três mil funcionários, com representação em vários municípios, sendo uma referência no Rio Grande do Sul.
A unidade industrial que fechou, em Eldorado do Sul (foto), tem cerca de 100 mil m², onde eram produzidos chocolates, biscoitos e alimentos especiais de soja.
Situação dos Trabalhadores
Leitores da Gazeta Centro-Sul sugeriram uma reportagem sobre a falência da Olvebra, com esclarecimentos a respeito da situação dos trabalhadores.
Na terça-feira, 27 de maio, a Gazeta recebeu o ex-funcionário da empresa, Aureci Soares da Rosa (foto), que trabalhou durante 24 anos na Olvebra e lidera um grupo de colegas que lutam para receber o pagamento das rescisões.
Aureci contou que a crise financeira da companhia aflorou em 2017. Em novembro daquele ano, foi feito um acordo com os cerca de 120 trabalhadores que estavam na ativa na época, envolvendo a demissão de todos e a contratação no dia seguinte por meio do CNPJ da empresa Multicorp. Segundo ele, a promessa era de regularizar a situação dos funcionários com a verba de uma empresa que devia para a Olvebra. No entanto, em janeiro de 2018, foram demitidos vinte funcionários e ninguém recebeu qualquer valor de rescisão, contrariando o acordo coletivo.
Conforme destacou Soares, de 2017 a 2024 foram contratados e demitidos cerca de quatrocentos trabalhadores, sendo que todas as rescisões eram direcionadas para a “Recuperação Judicial”, homologada em 2018, a partir de um plano de reestruturação que não prosperou.
Tendo em vista que as promessas de pagamento dos direitos trabalhistas nunca foram cumpridas, sempre empurradas para frente, Aureci reuniu um grupo de duzentos colegas, que decidiram não aceitar mais novos acordos, consolidando a falência da empresa.
O que já estava difícil, com a redução de funcionários, piorou durante a enchente de maio de 2024. Conforme Aureci Soares, a empresa não foi inundada, mas houve invasão de pessoas na fábrica, resultando em vandalismo. A empresa alegou prejuízo de R$ 12 milhões. Após a enchente, aproximadamente 40 pessoas continuaram na produção, mas acabaram sendo demitidas com 15 dias de salários atrasados e sem receber os devidos valores das rescisões.
Situação Atual
O caso está tramitando na Justiça, em Eldorado do Sul. Segundo Aureci, a avaliação do parque industrial mais as marcas foi de R$ 89 milhões. O Escritório responsável pela recuperação judicial solicitou à Justiça nova avaliação antes que a massa falida vá a leilão.
Soares informou que a dívida trabalhista é de aproximadamente R$ 60 milhões e o total da dívida, considerando credores e impostos, chega a R$ 400 milhões.
Até o fechamento desta edição, a Gazeta Centro-Sul não havia conseguido contato com representantes da empresa.
Publicado em 30/5/25



